O setor de indústrias elétricas e eletrônicas vai pedir ainda nesta quarta-feira (19/1) ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, medidas compensatórias para enfrentar a valorização do real. Representantes do setor têm reunião com o ministro no final da tarde. Entre as propostas estão o aumento dos impostos de importação de produtos eletrônicos e a desoneração fiscal nas folhas de pagamento para as indústrias do setor.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, o Brasil tem que aumentar os impostos de importação para barrar a entrada de produtos chineses no país. “A China usa a moeda desvalorizada como mecanismo de competitividade, então temos que tomar alguma medida”. Segundo ele, o país usa a alíquota de 12% para taxar os importados, bem abaixo do permitido pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que é de até 35%.
A outra medida proposta pela Abinee pretende diminuir o custo da mão de obra para o setor, que Humberto Barbato considera muito alto. De acordo ele, a desoneração fiscal nas folhas de pagamento seria feita de acordo com a proporção das exportações das empresas. As indústrias elétricas e eletrônicas vão pedir que esses mecanismos de defesa comercial sejam adotados com rapidez.
No setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (GTD), as exportações 2010 devem fechar em números proximos a US$740 milhões, o que representará uma retração de 12% frente a 2009. O número também fica bastante abaixo das vendas externas de 2008, que somaram US$865 milhões. Já as importações no setor podem alcançar US$491 milhões, montante próximo dos US$493 milhões de 2009 e dos US$498 milhões somados em 2008.
Fonte:Jornal da Energia
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Irídio aumenta velocidade das memórias flash
Irídio aumenta velocidade das memórias flash: "Um dos metais mais raros na Terra pode ser uma excelente opção para a produção de memórias cada vez mais rápidas para computadores e dispositivos eletrônicos."
Microchip gera sua própria energia
Microchip gera sua própria energia: "Os sensores ambientais ganharam um novo impulso com a possibilidade de fabricação de microchips que coletam a energia do ambiente, dispensando as baterias."
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Brasil pode ter 93% de energia renovável até 2050, calcula ONG
A organização não governamental Greenpeace lançou nesta terça-feira (30) na Conferência do Clima da ONU (COP 16), em Cancún, um estudo em que aponta ser economicamente viável que o Brasil tenha 93% da sua matriz energética baseada em fontes renováveis até 2050. Os 7% restantes seriam de gás natural, uma fonte de transição até que a matriz brasileira seja convertida em 100% renovável, ainda no século 21. O estudo foi feito em parceria com o Conselho Europeu de Energia Renovável (Erec).
As modalidades incluídas pelo Greenpeace nessa projeção são a hidrelétrica, eólica, de biomassa, solar e oceânica (geração a partir da força das marés). Segundo o coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace no Brasil, Ricardo Baitelo, a decisão por aderir ou não a essa “revolução energética” é política.
O relatório da organização projeta que, principalmente a partir da década de 2040, os custos das energias não renováveis e renováveis vão se descolar, sendo que o segundo tipo vai cair por causa do barateamento das tecnologias, enquanto que os combustíveis fósseis terão preço progressivamente maior na medida em que as fontes planetárias se esgotam.
A projeção do Greenpeace conclui que o custo do Megawatt-hora num cenário de “revolução energética” no Brasil deve se estabilizar em R$ 120 até 2050, enquanto que, se mantido o cenário de referência atualmente usado pelo governo, que inclui mais de 20% de termelétricas a gás e óleo, o preço deve estar em R$ 176. Para fazer o cálculo, partiu-se da premissa de que, com a adoção de valores para as emissões de carbono, o custo do uso de combustíveis fósseis deve aumentar.
Fonte:G1
As modalidades incluídas pelo Greenpeace nessa projeção são a hidrelétrica, eólica, de biomassa, solar e oceânica (geração a partir da força das marés). Segundo o coordenador da campanha de energias renováveis do Greenpeace no Brasil, Ricardo Baitelo, a decisão por aderir ou não a essa “revolução energética” é política.
O relatório da organização projeta que, principalmente a partir da década de 2040, os custos das energias não renováveis e renováveis vão se descolar, sendo que o segundo tipo vai cair por causa do barateamento das tecnologias, enquanto que os combustíveis fósseis terão preço progressivamente maior na medida em que as fontes planetárias se esgotam.
A projeção do Greenpeace conclui que o custo do Megawatt-hora num cenário de “revolução energética” no Brasil deve se estabilizar em R$ 120 até 2050, enquanto que, se mantido o cenário de referência atualmente usado pelo governo, que inclui mais de 20% de termelétricas a gás e óleo, o preço deve estar em R$ 176. Para fazer o cálculo, partiu-se da premissa de que, com a adoção de valores para as emissões de carbono, o custo do uso de combustíveis fósseis deve aumentar.
Fonte:G1
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Soluções de tecnologia da informação podem acelerar implantação do smart grid e economizar milhões
O uso de técnicas que façam da medição eletrônica e das linhas elétricas inteligentes - as smart grids - um negócio lucrativo para as distribuidoras de energia é o caminho certo para acelerar o desenvolvimento da tecnologia no País. A aposta é de Denis Maia, presidente da Choice, especializada em desenvolver serviços de inteligência para empresas do setor elétrico. Para o executivo, as características do mercado brasileiro fazem com que o combate às perdas de energia sejam hoje o principal incentivo para os investimentos das concessionárias de distribuição na modernização das linhas.
Nesse sentido, a Choice desenvolveu para a Light uma solução para ajuda a implementação de tecnologias de medição avançada, com medidores inteligentes e blindagem da rede. Devido ao alto custo unitário da solução, a companhia criou um sistema que ajuda a distribuidora a encontrar as localidades que, caso beneficiadas pelo projeto, garantiriam um melhor custo benefício. De acordo com a Choice, com o sistema, chamado Optimus, e tendo como comparação uma área que recebeu a tecnologia, o uso do software permitiria à Light atingir 48% mais clientes e ter um lucro 87% maior com o mesmo custo.
"O objetivo é, já que o investimento é dos mais altos, que exista um conhecimento mais detalhado e metódico de qual o maior retorno possível, em que regiões. Aí desenvolvemos o conceito, que cria um modelo de otimização", explica Maia. O executivo lembra do plano, divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de trocar todo o parque de medidores brasileiro por equipamentos mais modernos, alinhados ao conceito das linhas inteligentes.
"Em um plano em que você vai implementar os medidores nos próximos dez anos e em que isso seria feito de forma geográfica, ou aleatória... com uma otimização dessas, poderia ter diferenças que chegam na casa de centenas de milhões de reais para uma concessionária média", avalia.
Para Maia, a utilização de ferramentas como essa podem fazer até mesmo com que, em um primeiro momento, a adoção das smart grids pelas distribuidoras seja autofinanciável, por meio dos lucros que a diminuição nas perdas de energia poderia gerar. "É induscutível que o principal motivador para algumas tecnologias de smart grids e medição itneligente, não só no Brasil, como em outros países com tecnologias semelhantes, será o foco nas perdas", conclui o presidente da Choice, que teve o projeto agraciado como O projeto Optmus foi, inclusive, agraciado como o melhor em medição avançada da América Latina no Metering Latin America 2010, promovido em setembro deste ano.
Fonte:Jornal da Energia
Nesse sentido, a Choice desenvolveu para a Light uma solução para ajuda a implementação de tecnologias de medição avançada, com medidores inteligentes e blindagem da rede. Devido ao alto custo unitário da solução, a companhia criou um sistema que ajuda a distribuidora a encontrar as localidades que, caso beneficiadas pelo projeto, garantiriam um melhor custo benefício. De acordo com a Choice, com o sistema, chamado Optimus, e tendo como comparação uma área que recebeu a tecnologia, o uso do software permitiria à Light atingir 48% mais clientes e ter um lucro 87% maior com o mesmo custo.
"O objetivo é, já que o investimento é dos mais altos, que exista um conhecimento mais detalhado e metódico de qual o maior retorno possível, em que regiões. Aí desenvolvemos o conceito, que cria um modelo de otimização", explica Maia. O executivo lembra do plano, divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de trocar todo o parque de medidores brasileiro por equipamentos mais modernos, alinhados ao conceito das linhas inteligentes.
"Em um plano em que você vai implementar os medidores nos próximos dez anos e em que isso seria feito de forma geográfica, ou aleatória... com uma otimização dessas, poderia ter diferenças que chegam na casa de centenas de milhões de reais para uma concessionária média", avalia.
Para Maia, a utilização de ferramentas como essa podem fazer até mesmo com que, em um primeiro momento, a adoção das smart grids pelas distribuidoras seja autofinanciável, por meio dos lucros que a diminuição nas perdas de energia poderia gerar. "É induscutível que o principal motivador para algumas tecnologias de smart grids e medição itneligente, não só no Brasil, como em outros países com tecnologias semelhantes, será o foco nas perdas", conclui o presidente da Choice, que teve o projeto agraciado como O projeto Optmus foi, inclusive, agraciado como o melhor em medição avançada da América Latina no Metering Latin America 2010, promovido em setembro deste ano.
Fonte:Jornal da Energia
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Indústria pode economizar 25% de energia
Brasil – Responsável por quase 40% do consumo da energia produzida no País, a indústria poderia economizar 25% dessa conta com medidas de eficiência e inovação tecnológica, indica um estudo coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que foi apresentado na última quinta-feira, 11 de novembro, em São Paulo (SP).
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O potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, apresentado pelo estudo para um período de 20 anos, até 2030, equivale a mais da quinta parte de todo o corte de emissões de carbono com o qual o Brasil se comprometeu nas metas do clima até 2020 – de cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono.
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A indústria não teve especificada ainda a sua cota nas metas oficiais.
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Um primeiro segmento, objeto de análise por um plano setorial, ainda em estágio preliminar de discussão, é o da siderurgia. A expectativa é de que a indústria contribua sobretudo por meio de medidas de eficiência energética.
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“Trata-se de um desafio possível de responder”, disse a diretora de relações institucionais da CNI, Heloísa Menezes. “Mas há mudanças a serem feitas, que vão precisar contar com incentivos”, completou.
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Potencial. A indústria siderúrgica aparece no estudo da confederação com o maior potencial absoluto de corte no consumo de energia. Em termos porcentuais, é a indústria cerâmica quem tem o maior potencial.
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“Boa parte dos fabricantes de cerâmica vermelha é de empresas de pequeno e médio porte, que ainda utilizam fornos e processos ineficientes”, afirma o estudo.
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O potencial de eficiência energética levou em conta as tecnologias disponíveis e também o consumo mínimo e médio de energia elétrica e térmica pelos vários segmentos da indústria. Mas esse potencial de eficiência energética não considerou a disposição dos setores de bancar investimentos nem o custo das mudanças necessárias para reduzir o consumo de energia.
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A indústria química, a de papel e celulose e a de cimento aparecem, respectivamente, em terceiro, quarto e quinto lugares no ranking dos setores que mais podem reduzir o consumo de energia. Consequentemente, são as naturais candidatas a reduzirem a emissão de gases-estufa.
Fonte: O Estado de São Paulo
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O potencial de redução de emissão de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global, apresentado pelo estudo para um período de 20 anos, até 2030, equivale a mais da quinta parte de todo o corte de emissões de carbono com o qual o Brasil se comprometeu nas metas do clima até 2020 – de cerca de 1 bilhão de toneladas de carbono.
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A indústria não teve especificada ainda a sua cota nas metas oficiais.
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Um primeiro segmento, objeto de análise por um plano setorial, ainda em estágio preliminar de discussão, é o da siderurgia. A expectativa é de que a indústria contribua sobretudo por meio de medidas de eficiência energética.
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“Trata-se de um desafio possível de responder”, disse a diretora de relações institucionais da CNI, Heloísa Menezes. “Mas há mudanças a serem feitas, que vão precisar contar com incentivos”, completou.
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Potencial. A indústria siderúrgica aparece no estudo da confederação com o maior potencial absoluto de corte no consumo de energia. Em termos porcentuais, é a indústria cerâmica quem tem o maior potencial.
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“Boa parte dos fabricantes de cerâmica vermelha é de empresas de pequeno e médio porte, que ainda utilizam fornos e processos ineficientes”, afirma o estudo.
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O potencial de eficiência energética levou em conta as tecnologias disponíveis e também o consumo mínimo e médio de energia elétrica e térmica pelos vários segmentos da indústria. Mas esse potencial de eficiência energética não considerou a disposição dos setores de bancar investimentos nem o custo das mudanças necessárias para reduzir o consumo de energia.
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A indústria química, a de papel e celulose e a de cimento aparecem, respectivamente, em terceiro, quarto e quinto lugares no ranking dos setores que mais podem reduzir o consumo de energia. Consequentemente, são as naturais candidatas a reduzirem a emissão de gases-estufa.
Fonte: O Estado de São Paulo
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Sistema elétrico muda pouco após blecaute em 18 Estados
Exatamente um ano depois do blecaute que afetou 18 Estados brasileiros, o quadro das providências tomadas e as consequências verificadas mostra que algumas mudanças serão necessárias, mas que pouco ainda foi alterado no sistema elétrico brasileiro desde que cidades inteiras, como Rio e São Paulo, ficaram completamente às escuras, por horas à fio. As fiscalizações da Aneel foram realizadas e responsabilizaram nove empresas, principalmente a Eletrobras Furnas, pelo ocorrido.
A qualidade dos fiscais, entretanto, é questionada pelo ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que afirma que as condições climáticas é que resultaram no apagão. Mas mesmo no grupo de trabalho formado no âmbito do Comitê de Monitoramento do Setor elétrico (CMSE) chegou-se a conclusão que a hipótese de raios é a mais provável, mas não pode ser comprovada.
Em investimentos, por enquanto, contabilizados estão apenas os R$ 7 milhões emergenciais realizados para proteger a subestação de Itaberá, ponto de origem do apagão do ano passado, de chuvas mais intensas. Outras subestações, que ligam Itaipu a São Paulo, estão tendo que mudar sua blindagem para aumentar a capacidade de deter raios que possam desestabilizar a transmissão. Como consequência, a usina de Itaipu tem gerado menos energia e chegou a produzir 30% menos nos primeiros meses do ano.
De concreto até agora, é que a conta do blecaute vai chegar aos consumidores em função do acionamento de usinas termelétricas com a redução da geração de energia da maior fornecedora do país. O consultor Mário Veiga, da PSR Consultoria, acredita que mesmo a situação de reservatórios secos vividas hoje, que fizeram com que o uso de geração térmica fosse intensificado neste fim de ano, não ocorre apenas em função do clima seco provocado pelo La Niña.
As águas que chegam em Itaipu são liberadas de uma série de usinas que estão acima dela no rio Paraná, explica Veiga.
Com uma gigante como Itaipu gerando menos energia, as usinas anteriores precisam gerar mais e liberam mais água rio abaixo. Mas quando essa água chega a Itaipu, ela é vertida, ou seja, jogada fora já que a usina não pode gerar a plena capacidade. "No início do ano, as chuvas eram tão abundantes que os reservatórios transbordavam", diz Veiga. "Logo, era para termos água suficiente nos reservatórios, mesmo com o tempo seco."
O Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, diz entretanto que toda a redução de Itaipu foi compensada basicamente com usina termelétrica, logo, não seria responsável pela redução de reservatórios. De qualquer forma, o ONS informa que algumas mudanças na operação do sistema terão que ser feitas. Uma delas, que já está sendo usada, é a utilização de uma proteção tripla, conhecida como N-3, nas linhas que ligam Itaipu a São Paulo quando existe condição atmosférica desfavorável. Isso significa que, em alguns momentos, Itaipu continuará a gerar menos energia.
Mas até agora essa foi a única mudança de operação. Existem outras que estão sendo estudadas pelo ONS, principalmente para reduzir o tempo de recomposição do sistema.
Uma delas como forma de evitar que as usinas nucleares de Angra se desliguem totalmente. Outro ponto é tentar buscar alternativas para o manual dos equipamentos em geral, que prevê que eles sejam desligados automaticamente para evitar que queimem. Chipp acredita que é possível reduzir essa restrição. Além disso, também para evitar um novo blecaute na magnitude do que ocorreu no ano passado, está sendo estudada uma recomposição diferente no Estado do Espírito Santo, usando linhas de Minas Gerais. Essas medidas novas só devem entrar em operação a partir de maio do ano que vem. E os riscos só foram percebidos, segundo Chipp, depois de acontecido o apagão.
O ONS, entretanto, foi uma das empresas multadas pela Aneel. O risco de apagão era iminente, segundo alguns técnicos, pois as condições operativas em função de chuvas já estavam prejudicadas e algumas quedas significativas foram verificadas muito antes do dia 10 de novembro. Isso significa que o blecaute poderia ter sido evitado, se já estivesse sendo usada a proteção tripla. O operador está recorrendo da multa, assim como as outras dez empresas multadas em função do apagão.
A fiscalização mais forte se deu em cima de Furnas, já que foi em uma subestação da empresa que se originou o apagão. A equipe de fiscalização da agência detectou sérios problemas de manutenção, que estariam sendo causados por anos de negligência. Foi esse relatório da Aneel que levou a um embate entre agência e ministério.
Zimmermann afirma que não havia problema de manutenção em Furnas, mas sempre levando em conta relatório feito pela própria usina. O professor Sidnei Martini, que durante muitos anos foi presidente da Cteep, diz que de fato os relatórios de manutenção das empresas de transmissão são altamente detalhados. Mas lembra: "São feitos pelas próprias empresas".
A Aneel, entretanto, se calou diante do assunto. Apesar de ter repassado informações sobre as fiscalizações que realizou, o diretor-geral, Nelson Hubner, não quis conceder entrevista. Na época em que o relatório de Furnas foi divulgado, alguns diretores da agência chegaram a questionar a posição de não sair em defesa de seus próprios técnicos, fortemente atacados em sua reputação. Mesmo assim nada aconteceu.
O assunto apagão parece ter se transformado em um tabu dentro do governo federal. A falta de transparência também acabou sendo um dos ingredientes neste período, quase como um reflexo da declaração do então ministro de Minas e Energia Edson Lobão, que dois dias depois do blecaute queria decretar o assunto encerrado. Mesmo um ano depois, Furnas se recusa a falar sobre o tema e inclusive barrou a entrada da reportagem do Valor na subestação de Itaberá, interior de São Paulo. Os funcionários foram proibidos pela direção da empresa até de mostrar aonde estavam os famosos chapéus chineses, uma espécie de guarda-chuva usado para proteger os equipamentos de chuvas intensas.
Algumas explicações do que foi feito em Furnas vieram do próprio ministro de Minas e Energia e do atual diretor-geral do Cepel (centro de estudos do setor elétrico que tem como principal mantenedor a Eletrobras), Albert de Melo. Melo inclusive revela, que ao contrário do que um leigo pode pensar, os raios que podem causar um apagão são os mais fracos e não os mais fortes.
As subestações são protegidas contra raios acima, em média, de oito quilo-amperes (kA). A de Itaberá estava protegida de raios acima de 11 a 15kA. Mas chegou-se à conclusão que é preciso fazer uma blindagem maior. Hoje, Itaberá tem proteção para raios acima de 5 kA e as subestações de Ivaiporã, Foz do Iguaçu e Tijuco Preto, que compõem o sistema Itaipu, também deverão ser alteradas.
Fonte:Valor Econômico
A qualidade dos fiscais, entretanto, é questionada pelo ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que afirma que as condições climáticas é que resultaram no apagão. Mas mesmo no grupo de trabalho formado no âmbito do Comitê de Monitoramento do Setor elétrico (CMSE) chegou-se a conclusão que a hipótese de raios é a mais provável, mas não pode ser comprovada.
Em investimentos, por enquanto, contabilizados estão apenas os R$ 7 milhões emergenciais realizados para proteger a subestação de Itaberá, ponto de origem do apagão do ano passado, de chuvas mais intensas. Outras subestações, que ligam Itaipu a São Paulo, estão tendo que mudar sua blindagem para aumentar a capacidade de deter raios que possam desestabilizar a transmissão. Como consequência, a usina de Itaipu tem gerado menos energia e chegou a produzir 30% menos nos primeiros meses do ano.
De concreto até agora, é que a conta do blecaute vai chegar aos consumidores em função do acionamento de usinas termelétricas com a redução da geração de energia da maior fornecedora do país. O consultor Mário Veiga, da PSR Consultoria, acredita que mesmo a situação de reservatórios secos vividas hoje, que fizeram com que o uso de geração térmica fosse intensificado neste fim de ano, não ocorre apenas em função do clima seco provocado pelo La Niña.
As águas que chegam em Itaipu são liberadas de uma série de usinas que estão acima dela no rio Paraná, explica Veiga.
Com uma gigante como Itaipu gerando menos energia, as usinas anteriores precisam gerar mais e liberam mais água rio abaixo. Mas quando essa água chega a Itaipu, ela é vertida, ou seja, jogada fora já que a usina não pode gerar a plena capacidade. "No início do ano, as chuvas eram tão abundantes que os reservatórios transbordavam", diz Veiga. "Logo, era para termos água suficiente nos reservatórios, mesmo com o tempo seco."
O Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, diz entretanto que toda a redução de Itaipu foi compensada basicamente com usina termelétrica, logo, não seria responsável pela redução de reservatórios. De qualquer forma, o ONS informa que algumas mudanças na operação do sistema terão que ser feitas. Uma delas, que já está sendo usada, é a utilização de uma proteção tripla, conhecida como N-3, nas linhas que ligam Itaipu a São Paulo quando existe condição atmosférica desfavorável. Isso significa que, em alguns momentos, Itaipu continuará a gerar menos energia.
Mas até agora essa foi a única mudança de operação. Existem outras que estão sendo estudadas pelo ONS, principalmente para reduzir o tempo de recomposição do sistema.
Uma delas como forma de evitar que as usinas nucleares de Angra se desliguem totalmente. Outro ponto é tentar buscar alternativas para o manual dos equipamentos em geral, que prevê que eles sejam desligados automaticamente para evitar que queimem. Chipp acredita que é possível reduzir essa restrição. Além disso, também para evitar um novo blecaute na magnitude do que ocorreu no ano passado, está sendo estudada uma recomposição diferente no Estado do Espírito Santo, usando linhas de Minas Gerais. Essas medidas novas só devem entrar em operação a partir de maio do ano que vem. E os riscos só foram percebidos, segundo Chipp, depois de acontecido o apagão.
O ONS, entretanto, foi uma das empresas multadas pela Aneel. O risco de apagão era iminente, segundo alguns técnicos, pois as condições operativas em função de chuvas já estavam prejudicadas e algumas quedas significativas foram verificadas muito antes do dia 10 de novembro. Isso significa que o blecaute poderia ter sido evitado, se já estivesse sendo usada a proteção tripla. O operador está recorrendo da multa, assim como as outras dez empresas multadas em função do apagão.
A fiscalização mais forte se deu em cima de Furnas, já que foi em uma subestação da empresa que se originou o apagão. A equipe de fiscalização da agência detectou sérios problemas de manutenção, que estariam sendo causados por anos de negligência. Foi esse relatório da Aneel que levou a um embate entre agência e ministério.
Zimmermann afirma que não havia problema de manutenção em Furnas, mas sempre levando em conta relatório feito pela própria usina. O professor Sidnei Martini, que durante muitos anos foi presidente da Cteep, diz que de fato os relatórios de manutenção das empresas de transmissão são altamente detalhados. Mas lembra: "São feitos pelas próprias empresas".
A Aneel, entretanto, se calou diante do assunto. Apesar de ter repassado informações sobre as fiscalizações que realizou, o diretor-geral, Nelson Hubner, não quis conceder entrevista. Na época em que o relatório de Furnas foi divulgado, alguns diretores da agência chegaram a questionar a posição de não sair em defesa de seus próprios técnicos, fortemente atacados em sua reputação. Mesmo assim nada aconteceu.
O assunto apagão parece ter se transformado em um tabu dentro do governo federal. A falta de transparência também acabou sendo um dos ingredientes neste período, quase como um reflexo da declaração do então ministro de Minas e Energia Edson Lobão, que dois dias depois do blecaute queria decretar o assunto encerrado. Mesmo um ano depois, Furnas se recusa a falar sobre o tema e inclusive barrou a entrada da reportagem do Valor na subestação de Itaberá, interior de São Paulo. Os funcionários foram proibidos pela direção da empresa até de mostrar aonde estavam os famosos chapéus chineses, uma espécie de guarda-chuva usado para proteger os equipamentos de chuvas intensas.
Algumas explicações do que foi feito em Furnas vieram do próprio ministro de Minas e Energia e do atual diretor-geral do Cepel (centro de estudos do setor elétrico que tem como principal mantenedor a Eletrobras), Albert de Melo. Melo inclusive revela, que ao contrário do que um leigo pode pensar, os raios que podem causar um apagão são os mais fracos e não os mais fortes.
As subestações são protegidas contra raios acima, em média, de oito quilo-amperes (kA). A de Itaberá estava protegida de raios acima de 11 a 15kA. Mas chegou-se à conclusão que é preciso fazer uma blindagem maior. Hoje, Itaberá tem proteção para raios acima de 5 kA e as subestações de Ivaiporã, Foz do Iguaçu e Tijuco Preto, que compõem o sistema Itaipu, também deverão ser alteradas.
Fonte:Valor Econômico
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